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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A reforma antimanicomial caminha a passos tímidos no RN

Por Pedro Paulo (Psicólogo em Formação)

De acordo com os novos dados (setembro de 2011) do Ministério da Saúde, a Paraíba é o primeiro Estado do ranking nacional em número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) implantados. São 68 serviços, sendo 39 na modalidade Caps I, oito Caps II, três Caps III, oito Caps i, nove Caps ad e um Caps ad III.
 

Em seguida, aparecem os Estados de Sergipe e Alagoas como segundo e terceiro colocado respectivamente, de acordo com a população, no número de Caps implantados. Nessa luta para fazer com que os portadores de doença mental tenham seu lugar à sociedade o Estado do RN apresenta um número ainda muito tímido de Caps implantados, aproximadamente 34 unidades.
De acordo com o Ministério da Saúde, os Caps constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica que vem sendo implantada no Brasil nas últimas décadas e tem como funções o atendimento diário aos portadores de transtornos mentais e dependentes de álcool e outras drogas, evitar as internações em hospitais psiquiátricos, promover a inserção social e familiar das pessoas com transtornos mentais, e dar suporte à atenção em saúde mental na rede básica de saúde.
Segundo Fernando Lejderman, médico psiquiatra da UFRGS, a situação atual da assistência em saúde mental no Brasil é grave e preocupante. É preciso compreender que uma pessoa delirante ou sob o efeito permanente de álcool e drogas não aceita tratamento espontaneamente. O número de doentes mentais vivendo como moradores de rua tem aumentado assustadoramente nos últimos anos. Nas ruas, esses doentes se tornam desamparados no que se refere às suas doenças de base, seu estado psicológico se deteriora, sem falar no aumento do contágio de doenças infecciosas, como hepatite C, tuberculose e AIDS, levando-os a uma situação de completa decadência física e mental. As prisões também vêm se tornando gradativamente um lar alternativo para uma parcela de doentes que, por fim, acaba cometendo pequenos delitos ou apresentando quadros de agressividade e agitação psicomotora.
Após 20 anos do movimento de reforma psiquiátrica no Brasil, o Estado não conseguiu desinstitucionalizar a loucura de seus modelos hospitalocêntricos, bem como promover o resgate da cidadania dos usuários de especializados em saúde mental, portanto nossa sociedade ainda caminha em passos lentos em criar um novo status social e a garantia da cidadania das pessoas “loucas”. Porém, se quisermos lutar pelos nossos direitos temos que desenvolver a concepção no qual o direito constitui-se como produto social, provindo das relações sociais, e nesse sentido é resultado da própria organização social e do poder social.

fonte: http://www.cartapotiguar.com.br/?p=13563&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+CartaPotiguar+%28Carta+Potiguar%29. Acesso em 11/10/2011.

Ao ler esse pequeno texto publicado no site "Carta Capital" tive duas fortes reações, a primeira foi de alegria por saber que outras pessoas além de mim, tem se preocupado em escrever para públicos diferentes (extra meio acadêmico e científico) sobre algo tão sério e preocupante quanto é a questão da saúde mental em nosso país, a qual  Pedro Paulo, bem caracterizou como "caminhando a passos lentos". A segunda reação que tive foi de tristeza por mais uma vez reafirmar o quão atrasados estamos no Rio Grande do Norte, sou Psicóloga desde 2008 e à dois anos trabalho também em uma cidade pequena da Paraiba, onde infelizmente posso constatar cotidianamente que o fato da Paraiba está um pouco à frente em termos de quantidade de serviços  substitutivos ( CAPSs) na prática, a falta de Assistência em saúde mental naquela região, ainda é bastante visivel, pois é minimo o número de médicos psiquiatras, é minimo o suporte psicossocial devidamente integrado com outros serviços da atenção básica (...). Desta forma, o que mais dizer se não, lamentar que apesar de muitos avanços com a chamada reforma psiquiatrica e independentemente de sermos ou não da área, é triste e preocupante pois, um dia toda e qualquer pessoa de nosso convivio familiar, inclusive nós mesmos, podemos precisar destes serviços, afinal de contas, o sofrimento/doença mental não é algo infecto-contagioso, nem é prevenido através de vacina... é algo que não escolhe cor, sexo, gênero ou cultura... faz parte da condição humana  e portanto ninguém esta livre de poder sofrer em função dela... Parabéns ao autor do texto e que outros colegas ou futuros colegas de profissão ou não possam também externar suas preocupações para que outros avanços aconteçam na área, chega de descaso com o portador de sofrimento mental!!!   Forte abraço, Lucynara. CRP 17/1559

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